sábado, 18 de agosto de 2007

Massa

A cozinha aqui em casa anda um pouco mais movimentada. Depois de ela e eu termos 'dado um tempo', aos poucos estamos voltando as boas. Sexta-feira, nesse clima e incentivado pela companhia mais gostosa dos últimos tempos, ao invés de comer aquela velha pizza de mercado surgiu a idéia conjunta de uma massa simples e gostosa. Com uma olhada rápida nas prateleiras do mercado, os ingredientes foram sendo pescados: champignons e raviólis foram as estrelas da festa e assim foi concebido o 'Cogüióli'. Anota ai a receita e lembre-se, ela é à prova de preguiça (rápida de fazer e uma delicinha).

Cogüióli

-1 pacote de massa fresca de ravióli (qualquer recheio)
-1 vidrinho de champignons (fatiados)
-1 cebola picada em quadradinhos pequenos
-2 copos de leite
-Queijo mussarela (em fatias)
-3 colheres (sopa) de manteiga
-2 colheres (sopa) de farinha de trigo
-temperos a gosto (ervas, pimentas)

Cozinhe a massa no ponto preferido (eu prefiro bem al dente). Agora parta pro molho. Primeiro refogue rapidinho a cebola na manteiga e logo em seguida junte a farinha de trigo. Quando a farinha estiver douradinha, derrame o leite aos poucos, sem parar de mexer. Com um pouco de tempo o molho começará a ficar mais grosso e aí é a hora de juntar o queijo. Vá aos poucos adicionando pedaços das fatias, que irão rapidamente se derreter no molho. Observe o ponto desejado (molho mais grosso ou mais ralo) e seja cauteloso pra não colocar queijo demais porquê o molho pode adquirir uma textura arenosa. Com o molho no ponto desejado, junte os champignons e tempere a gosto (por aqui usamos pimenta do reino e manjerona desidratada e ficou bem gostoso).

Esse molho básico dá chances de uso da criatividade. Por quê não criar alcaparrólis, palmitólis e outras coisitas más? O Cogüióli aqui de casa tá bem ai embaixo e a nuança exata dessa alegria de sexta-feira se esconde aqui.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Herbivoria

A ousadia é uma das características que gosto na cozinha. Invenções que parecem estranhas mas funcionam bem (ou não!) e o uso repaginado de um ingrediente, fugindo do preparo convencional, muitas vezes me surpreendem. Há pouco tempo, em uma reunião gostosa na quinta-feira a noite, uma amiga fez uma 'quiabada' em casa. A danada pegava os quiabos, passava-os em uma manteiguinha e os tacava em um grill elétrico. Pouco tempo depois o quiabo saía soltando fumaça, com aqueles desenhinhos bonitos da grelha e um sabor delicioso! Hoje, olhando minha churrasqueira elétrica há tempos encostada e diante de uma bandeijinha de quiabo, não tive dúvida: Quiabada na Sexta-feira! A empolgação foi tanta, que coloquei os quiabinhos amanteigados pra serem assados e corri pra geladeira atrás de mais vítimas do acaso. Olhei a cenoura, o limão-siciliano, o alface, umas cebolinhas... A vontade que tinha era de colocar tudo, experimentar. Mas cenoura, alface e limão siciliano? Achei melhor me controlar, respirei fundo e lembrei das cebolas, que foram cortadas em rodelas generosas, temperadas com curry, azeite e uma pitadinha de sal e viraram churrasquinho. Também fiz churrasquinho de pão com vinagrete e comi toda churrascada verde acompanhada de arroz com brócolis . E depois de ter virado hippie, o vegetarianismo decidiu me visitar (visitar apenas, porquê a ele eu não me rendo!).

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Age of Aquarius

Pequenas picuinhas diárias as vezes acontecem, a greve por aqui ainda anda indefinida, dói ver um amigo chorando, sem explicação e aviso prévio acordo sem a árvore que protegia minha janela, aquela luminária legal se quebrou e a imprevisão da minha vida é um fato. E sabe o quê? Minha tranquilidade anda quase inabalável. A lua continua a se encher, o nascer do sol ainda pode ser apreciado de uma rede, o aconchego e os beijos e abraços me esquentam, o artesanato libera a criatividade, o samba tá ai pra ser sambado e acabo de desconfiar que minha alma virou hippie, sacô bicho?

domingo, 5 de agosto de 2007

Jovem

Só porquê as vezes ela diz exatamente o que quero ouvir.
Danada! Parece até que mora na minha cabeça.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Tributo

Eis que acordo, em uma sexta-feira bonita e ensolarada, com um despertador pouco convencional. Uma motoserra danada, ensurdecedoramente barulhenta e apavorante me fez pensar que o próprio Jason teria se tornado adepto também de sextas-feira '3' e estaria ali, ao lado da minha cama, para cortar-me a cabeça. Abro o olho meio receoso e ufaaaaa! não era o bandido. Corro à janela e percebo uma mutilação em massa: amoreiras, ficus e paus-ferro são decepados sem anestesia. Agora minhas amiguinhas cara-de-pau estão todas deformadas e minha salinha e meu quarto, que antes eram bem arrefecidos por uma sombrinha gostosa que só a frondosidade de uma boa copa produz, estão claramente calorosos. E é ai que entra a velha pergunta: 'cadê a ecologia aplicada meu povo'?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Peitos

Ficar na frente do espelho, sentado naquela poltrona gostosa, tem me tomado dias inteiros. Lá, silenciosamente, fico a vontade para desfazer minhas tranças há tanto adquiridas. Observo-me inteiro, vejo todos meus sinais: aqueles das quedas de menino, os de quando me queimei de carvão em brasa viva de vermelho intenso, a pinta atrás do braço esquerdo e aquela outra no pescoço. Minhas pequenas entradas já me mostram sinais de idade e de certa experiência, minhas pernas me lembram de meu pai e minha mãe. Olhando mais fundo, algumas vezes me surpreendo com um susto que estremece minhas entranhas mais profundas e enche a boca de uma saliva com gosto metálico, em outras sorrio só, lembrando dos vários eus que já fui e consigo observar ali, em mim. E ficando assim, silencioso, vou aprendendo a me despir e ficar de peitos à mostra e abertos, para mim e para o mundo.


Foto de Friducha (Kahlo).