sábado, 13 de dezembro de 2008

Língua de trapo

Sumiu dali mas não sumiu dele, definitivamente. Ele existia ali mas achava a vida um tanto mais corrida e um tanto mais sonolenta. E foi sentindo que tava parando de sentir, como se estivesse sob o efeito de uma boa dose de anestésico, daquelas que te deixa voando sem paradeiro. Num desses vôos deve ter perdido a língua por qualquer esquina aí, parece que aconteceu sem dor e sem apego. Quando viu, som nenhum saía daquela boca. Achou melhor calá-la, porque de boca aberta e anestesiada só sai baba.

Ainda anda por aí, catando os trapos perdidos pra botar a boca no mundo e falar do seu bloco, que continua na rua.