sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Leveza

E na hora de enfrentar meu dragão, o coração pulou na boca e os olhos quiseram chorar. Juntei meu último pedaço de trapo, respirei fundo e a boca foi abrindo e um tantão de monstro foi saindo. Meu bauzinho (quase hermético) de tranqueiras se abriu e consegui falar e também ouvir. O corpo todo tremeu, misturando culpa, olhos marejados, dor e mais um monte de coisas. E surpreendentemente ouvir foi tão importante quanto falar. E meu coração ficou tão pequenino e apertado que coube na palma da minha mão. Agora sei que problemas de comunicação me deixam completamente paranóico mas conversar, me expôr e ouvir as outras partes envolvidas me limpa mais que criolina. Ah! e minha língua nem é tão pequena assim.

(Aquarela também da misscapricho).

Lava

O hábito de aguentar calado há tempos páira por aqui. E dentro da falsa calmaria moram uma ansiedade de explosão, uma irritação digna dos velhinhos mais ranzinzas e um turbilhão de pensamentos soltos. Aí, na importante hora de pôr a boca no mundo, a garganta seca e a danada da língua que morava ali parece ter fugido. Por quê não falar?

Educação tolhedora, medo de assumir riscos ou a puta que o pariu... só sei que agora quero aguentar mais nada não e ainda quero 2 metros de língua adicionais. Solta a mordaça, Anastácia!

(aquarela de misscapricho. densidade mais leve não há!)