sexta-feira, 22 de junho de 2007

Cozinha

Quando piso na cozinha já me sinto completamente a vontade, me sinto mesmo em casa. O fogão, as facas, batedeiras, tábuas, fouet (ou batedor) são alguns dos instrumentos da orquestra que a cada dia aprendo a reger e a afinar. Adoro quando as coisas se tornam instigantes a ponto de colocar minha criatividade a pino. O olhar sobre um ingrediente seguido da pergunta 'E agora, josé?'. Uma última abobrinha virando um gratinado enriquecido com cenourinha e pimenta do reino branca (que ainda fica na memória de uma amiga que sempre pede 'aquela' abobrinha), umas poucas fatias de mussarela com uma pitadinha de pimenta do reino tranformados em um molhinho simples e gostoso, a carne de sol sendo bem escondidinha por um purê de macaxeira, uma tortinha integral de brócolis e por ai vai. Também gosto do mais cotidiano e de fazer um prato quando bate aquele desejo de grávida. Umas batatinhas fritas na madrugada, um brigadeiro pra depois do jantar e o bom e velho bolo de cenoura. Sempre me perguntam se eu tenho uma receita preferida e realmente nenhuma consegue ser campeã. Na cozinha eu danço mesmo conforme a música, ou melhor rejo de acordo com o ingrediente. Aproveitando a inspiração culinária, vou deixar aqui uma receitinha de um bolo de cenoura facílimo, daqueles de sentar no sofá com o tabuleiro cheio e levantar 1 kg mais gordo (que você começa a gastar lavando com o tabuleiro vazio).


Bolo de Cenoura de liquidificador

- 3 unidade(s) de cenoura picada(s)
- 3 unidade(s) de ovo
- 1 xícara(s) (chá) de óleo de soja
- 2 e 1\2 xícara(s) (chá) de farinha de trigo
- 2 xícara(s) (chá) de açúcar
- 1 colher(es) (sopa) de fermento químico em pó

Coloque a cenoura, os ovos e o óleo no liquidificador e bata até a cenoura ficar bem pequenininha. Junte a parte líquida a farinha e ao açúcar e após misturá-los, junte o fermento.
Leve para assar em uma forma untada.


Se quiser deixá-lo mais gostoso ainda, faça uma coberturinha simples de chocolate e jogue por cima do bolo assado. Depois disso vá lá sentar no sofá, vá!


Ah vai, isso vai!

Crise instalada (e em movimento, que fique bem claro). Ansiedade que parece comer o fígado, se é que não come mesmo, que não instiga, não desafia, mas me deixa apático, congelado em idéias de futuro. Turbilhão de pensamentos, sensações e dúvidas. Tanta preocupação pra um buraco que na realidade parece nem ser tão baixo assim. Tanta saudade de mim, do outro eu, mais despreocupado. O conhecimento do meu todo me assusta e também dói. As vezes uma dor mais fina que picada de injeção e outras tão esmagadora quanto uma pisada de pata de elefante no pé direito. Por enquanto, com isso só chego a uma conclusão (ainda pouco conclusiva): se eu não entreguei meu fígado a cirrose (que parecia uma proposta bem mais legal), não vai ser a uma ansiedadezinha filha da puta que eu vou me render. Quanto a cirrose, era só uma brincadeirinha e quanto a ansiedade? Sim, eu sou maior que ela e isso vai mudar, ah se vai!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Não há lugar como nosso Lar

Há quase um ano me tornei adepto da verdade
de Dorothy. E sabe o quê? Amo! Quero mais
é bater meus sapatinhos. Falei!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Bicho da Floresta

No começo era um bichinho florestal pequenininho, daqueles que dá vontade de pôr no colo, acariciar e cuidar como um filho. O dito bichinho era uma simpatia, só trazia novidade e com toda graça atraiu pra minha vida olhares e pessoas novas. Com o passar do tempo, porém, ele foi ficando cabeludo, cinzento, áspero e o pior, matematicamente complexo. A situação foi ficando difícil e o bichinho (agora já bichão) por vezes parecia engolir-me. Sem me rasgar com dentes afiados ele me apertava com sua boca banguela de uma força digna da de um jacaré. Estranhamente, ele já era parte de mim e eu também parte dele. Dias de medo se seguiram e desenvolvi uma maneira de evitá-lo. Aprendi a correr, corria kilomêtros, mas sempre parava perto do coisa. Afinal, com cria é assim, a gente não abandona num piscar de olhos. Com tudo isso, e com a chegada assustadora de uma forte decisão na nossa relação, resolvi que daqui pra frente vamos viver cara a cara. E se isso não acabar com nossa crise, vou deixar meu bichinho voar e seguir também o meu caminho.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Aaaaahhh!!!

Acho que desde minha tenra infância foi assim, o corpo doente reclamando e a garganta sendo a primeira a inchar, arranhar, doer e verter secreções. Urrrg! Secreções estas que após algum tempo de idas e vindas recorrentes do inchaço das amígdalas, passaram a ser amargamente limpas com chá bem forte de limão com sal, receitinha que segundo uma velha vizinha era infalível. E num é que vem sendo mesmo (okay, ajuda muito!). Numa rápida espiadela em quê a boa e velha leitura corporal diz, problemas de garganta parecem ocorrer freqüentemente em pessoas que não conseguem se expressar, não conseguem por pra fora, em palavras, seus sentimentos. Enfim, ao menos por enquanto acho que não é este meu caso, melhor ainda, prefiro pensar que isso é coisa do meu jeito geminianíssimo. Os geminianos, além de inconstantes, parecem ter seu ponto fraco no trato respiratório, no qual entra a bendita garganta. Enquanto não ganho uma língua nova pra falar mais ainda e colocar tudo isso pra fora, vou ali na cozinha, preparar meu velho conhecido chá de limão. bjomeliga

domingo, 10 de junho de 2007

Densidade

Detesto quando me sinto assim tão previsível. A mão no cabelo ao sentir uma carência cortante, o pescoço levemente inclinado pra direita com a dita mão na cabeça, a chegada solitária em casa de madrugada e o encontro com um breu completamente silencioso, a desligadinha do celular pra me tornar isolado do mundo, a corridinha ao sofá pra fumar aquele cigarro de menta, meio geladinho, sentindo raiva e a re-ligadinha ansiosa do celular , horas depois, a procura e a espera de possiveis ligações durante o tempo isolado. Raiva silenciosa e avassaladora, raiva de depender, de sentir carência, de se dar pouca atenção, de se deixar levar pela maré, da vontade de chorar, tanta! De ranger os dentes e sentir um buraco bem no meio do peito. De revisitar o velho sempre com a mesma roupa empoeirada, de tirá-lo do baú e colocá-lo ao meu lado, no sofá, durante aquelas fumadinhas e bater o mesmo velho e conhecido papo! Engasgo, também bem no meio do peito, vontade de despirocar, de sair gritando por ai e até mesmo de cortar os próprios cabelos, com tesouradas rápidas, agressivas e precisas que revelem algo, qualquer coisa nova. Chegaaaaaaaaaa!