quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Cesária

O ato de crescer desde sempre parece ter sido acompanhado de uma boa dose de dor e alegria misturadas. Primeiro dói nascer, ser humano. A mãe sofre com o parto e a gente é esprimido e forçado a largar o útero tão quentinho e seguro: surgimos! Depois vem a fase de bebê: o menino nasce amarelo (culpa da minha icterícia), cheio de cólicas, acorda de noite, chora com os dentes apontando mas depois se cria bem e com tudo isso os pais aprendem, se quiserem, a virar mesmo gente grande! Já criado, o menino fica cheio de traquinagens e caduquices infantis: entrega (sempre) a pele de seus joelhos ao asfalto grosso, viaja na sua imaginação, encrenca com os muleques chatinhos da rua, aprende a temer dentistas, já percebe pequenas partes negras da vida e brinca, mas brinca muito. As avós enchem o neto de gemadas e explicam que os ossos esticando causam dor, os avôs carregam o muleque pra cima e pra baixo e as bisavós (já tão mansas) também brincam como se fossem menininhas! Aí, o muleque vira adolescente e se desengonça todo: o rosto se enche de espinhas, a voz desafina e as mãos parecem se tornar a parte maior do corpo. A sensação de preguiça é constante e fazer algumas coisinhas até então proibidas torna-se muito interessante. Tudo muito válido e bem aproveitado para a formação de um novo adulto. E agora na fase de virar adulto entrei em um trabalho de parto fortíssimo, pra parir a minha vida e meu futuro, e confesso que se pudesse optar eu partiria pra cesariana já e logo deitaria no meu colo, suspirando e cheio de alegria!

Um comentário:

clarice disse...

O filho é teu?

Belíssimo! Mesmo amarelim, assim...


=***